Episode 415: CAT_ Tuberculose nas Prisões
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Pelo Centro de Apoio ao Tabagista - CAT, ONG carioca sem fins lucrativos, que tem como propósito maior contribuir para a redução dos impactos ambientais, econômicos, sanitários e sociais do nicotinismo, entrevistamos a médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Alexandra Roma Sanchéz, doutora em Saúde Pública pela Fundação Osvaldo Cruz (2007) e líder do grupo de pesquisa "Saúde nas Prisões". A pesquisadora integra o Comitê Estadual de Tuberculose (Rio de Janeiro), representando o Fórum de Saúde do Sistema Penitenciário*.
Acompanhe o bate-papo no Programa Viva Voz Saúde, Rádio Nossa Senhora de Copacabana.
O tema do programa foi a tuberculose no sistema prisional brasileiro, uma vez que o nosso país lidera o número de casos da doença na população em cárcere na América do Sul. Segundo o pesquisador Júlio Croda, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e também pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), tal fato decorre do encarceramento em massa e da superlotação no sistema penitenciário brasileiro. “A prisão é uma instituição amplificadora da doença”, pois a incidência de tuberculose na população em situação de privação de liberdade é 25 vezes maior do que na população geral da América do Sul.
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, em referência ao seu descobridor, o alemão Robert Koch (1882). A doença afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos. A tísica ocorre mais frequentemente em pessoas vivendo com HIV e aquelas com comprometimentos imunológicos outros, tais como as pessoas com câncer, sob quimioterapia anticâncer, desnutridas, com diabetes mal acompanhadas e/ou com depressão psíquica maior. Vale ressaltar que a Organização Mundial da Saúde - OMS atribui ao tabagismo 20% dos casos de TB no planeta. O risco de adoecimento entre os que estão vivendo em situação de rua é o maior de todos: 59 vezes maior do que a população em geral.
Importante: A forma pulmonar, além de ser mais frequente, é a principal responsável pela manutenção da cadeia de transmissão do M. tuberculosis, daí a necessidade de afastamento mínimo pelos primeiros 60 dias de tratamento nestes casos.
Apesar de ser uma enfermidade antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública nos dias de hoje. No mundo, a cada ano, cerca de 10,6 milhões de pessoas adoecem por tuberculose. A doença é responsável por mais de 1,2 milhão de óbitos anuais. No Brasil, foram notificados aproximadamente 84 mil casos novos e ocorrem cerca de 5,9 mil mortes. O nosso país tem 1/3 dos casos de TB nas Américas.
Portanto, até por todo o exposto acima, as bactérias da tuberculose intracárceres são um fenômeno a ser intensamente prevenido e, obviamente, devidamente controlado e combatido. Face às evidentes condições insalubres das prisões _ má ventilação e solarização das celas, estresse psíquico dos detentos e a reconhecida hiperpopulação carcerária, o risco de adoecimento por TB em privados de liberdade é 29 vezes maior do que em relação a população em geral. Da totalidade dos casos de TB no país, 9,1% se encontram dentro de sistema prisional, i.e., foram 7.668 notificados ao Ministério da Saúde em 2023.
*O Fórum Permanente de Saúde no Sistema Penitenciário (FPSSP-RJ) é uma organização da sociedade civil que busca a promoção e a garantia do direito à saúde para pessoas privadas de liberdade no estado do Rio de Janeiro, de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Nas operações técnicas do estúdio, o prestimoso Geraldo Rodrigues.
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