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Apesar de avanços, ‘choque da maternidade’ ainda bloqueia espaço da mulher no mercado de trabalho

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Pela primeira vez, uma mulher ganhou sozinha um prêmio Nobel de Economia – um marco que, por si só, já reflete as barreiras para a ascensão profissional delas. A professora de Harvard Claudia Goldin foi recompensada pelos estudos sobre o espaço das mulheres no mercado de trabalho e a emancipação das americanas. A distinção reconhece os avanços promovidos nos últimos dois séculos, mas evidencia o quanto a igualdade de gêneros ainda é um objetivo distante, mesmo nos países mais desenvolvidos.

“Elas se tornaram trabalhadoras, passaram a ter renda para elas e para as suas famílias. A vida delas mudou muito. Mas o mercado de trabalho e as políticas dos governos são, quase sempre, mais lentos para acompanhar isso”, disse Goldin ao ser entrevistada depois do anúncio do Nobel pela emissora Business Today.

Nas suas pesquisas, apoiadas em documentos, estatísticas e dados empíricos, a economista retraçou a evolução da participação das mulheres no mercado de trabalho e concluiu que cada passo à frente ocorreu na sequência de algum grande evento histórico: guerras mundiais, surgimento dos anticoncepcionais ou, mais recentemente, a pandemia de Covid-19 e a expansão do trabalho remoto.

A francesa Dominique Meurs, economista associada do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (Ined) e professora da universidade Paris-Nanterre, celebra a vitória do Nobel, mas ressalta que já poderia ter ocorrido há muito tempo.

“Faz mais ou menos 10 anos que eu digo que ela tinha que vencer esse prêmio Nobel. Então, ele chega meio tarde, eu acho, porque se trata não apenas de se interessar pelo mercado de mulheres, mas sim de ter uma outra visão do mercado de trabalho, com base em dados, apresentando hipóteses, pesquisando, e percebendo as grandes evoluções que foram acontecendo”, aponta, à RFI. “Hoje olhamos para o mercado de trabalho de uma maneira totalmente diferente. Ela mudou a nossa forma de trabalhar e olhar as coisas.”

Mulheres demitidas ao casarem

Claudia Goldin despertou para o assunto quando descobriu que, nos anos 1920, as mulheres eram sistematicamente demitidas nos Estados Unidos assim que se casavam – fruto de uma lei determinando a prática e que só perdeu força mais de 20 anos depois.

“Foi no pós-guerra. As empresas precisavam também das mulheres casadas e não podiam mais se dar ao luxo de demitir assistentes, secretárias, só porque elas se casavam. Foi, então, pela pressão da demanda de trabalho nas empresas que as legislações mudaram”, afirma Meurs.

De lá para cá, a participação das mulheres no mercado de trabalho só cresceu, mas apesar das aparências, elas continuam sem acesso à maioria dos cargos de liderança e ganham, em média, 14% a menos do que os homens em um posto equivalente, nos países da OCDE – ou seja, nas economias mais desenvolvidas do planeta. Nos últimos 10 anos, essa diferença praticamente não caiu, baixando apenas 2%.

“Nos países da OCDE, infelizmente, a explicação ainda é bem simples: é o choque das maternidades que leva a uma ruptura na carreira. Para explicar a diferença de salários entre homens e mulheres, não temos mais a diferença de educação, de experiência e nem de profissão, embora este ainda seja um aspecto a se considerar. É a chegada da maternidade e as consequências no ritmo de vida, e o fato de que as normas sociais impõem que as responsabilidades ainda sejam compartilhadas de forma desigual”, frisa a francesa.

Os mais disponíveis são os maios recompensados: os homens

Claudia Goldin estudou particularmente os bloqueios para o reconhecimento das mulheres no mercado altamente qualificado, em que a competição com os pares masculinos se mostra mais cruel, sobretudo se elas têm filhos. São cargos que implicam maior disponibilidade para receber clientes, por exemplo, o que significa jornadas de trabalho mais longas. As empresas tendem a recompensar os funcionários mais disponíveis, que costumam ser os homens.

Dominique Meurs frisa que a pandemia de Covid também marcou um freio na carreira de muitas mulheres: apesar de elas terem acesso ao trabalho remoto, que viabiliza um maior equilíbrio entre a vida profissional e a familiar, as desigualdades ficam evidentes quando marido e mulher trabalham de casa – com maior impacto na produtividade delas.

Homens e mulheres não tiveram e não têm o mesmo teletrabalho. Isso já foi constatado: os homens trabalham sozinhos em uma peça, enquanto as mulheres são multitarefas: se dividem entre a casa, fazem a comida, e o teletrabalho”, salienta.

A especialista francesa avalia que os próximos passos para avanços devem ser iniciados pelas próprias empresas, a começar por uma maior transparência sobre salários e evolução profissional. Além disso, recomenda mudanças nas estruturas de trabalho, que favoreçam uma maior distribuição das atribuições – para que não sejam sempre os mais disponíveis os maiores beneficiados pelas promoções.

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“Elas se tornaram trabalhadoras, passaram a ter renda para elas e para as suas famílias. A vida delas mudou muito. Mas o mercado de trabalho e as políticas dos governos são, quase sempre, mais lentos para acompanhar isso”, disse Goldin ao ser entrevistada depois do anúncio do Nobel pela emissora Business Today.

Nas suas pesquisas, apoiadas em documentos, estatísticas e dados empíricos, a economista retraçou a evolução da participação das mulheres no mercado de trabalho e concluiu que cada passo à frente ocorreu na sequência de algum grande evento histórico: guerras mundiais, surgimento dos anticoncepcionais ou, mais recentemente, a pandemia de Covid-19 e a expansão do trabalho remoto.

A francesa Dominique Meurs, economista associada do Instituto Nacional de Estudos Demográficos (Ined) e professora da universidade Paris-Nanterre, celebra a vitória do Nobel, mas ressalta que já poderia ter ocorrido há muito tempo.

“Faz mais ou menos 10 anos que eu digo que ela tinha que vencer esse prêmio Nobel. Então, ele chega meio tarde, eu acho, porque se trata não apenas de se interessar pelo mercado de mulheres, mas sim de ter uma outra visão do mercado de trabalho, com base em dados, apresentando hipóteses, pesquisando, e percebendo as grandes evoluções que foram acontecendo”, aponta, à RFI. “Hoje olhamos para o mercado de trabalho de uma maneira totalmente diferente. Ela mudou a nossa forma de trabalhar e olhar as coisas.”

Mulheres demitidas ao casarem

Claudia Goldin despertou para o assunto quando descobriu que, nos anos 1920, as mulheres eram sistematicamente demitidas nos Estados Unidos assim que se casavam – fruto de uma lei determinando a prática e que só perdeu força mais de 20 anos depois.

“Foi no pós-guerra. As empresas precisavam também das mulheres casadas e não podiam mais se dar ao luxo de demitir assistentes, secretárias, só porque elas se casavam. Foi, então, pela pressão da demanda de trabalho nas empresas que as legislações mudaram”, afirma Meurs.

De lá para cá, a participação das mulheres no mercado de trabalho só cresceu, mas apesar das aparências, elas continuam sem acesso à maioria dos cargos de liderança e ganham, em média, 14% a menos do que os homens em um posto equivalente, nos países da OCDE – ou seja, nas economias mais desenvolvidas do planeta. Nos últimos 10 anos, essa diferença praticamente não caiu, baixando apenas 2%.

“Nos países da OCDE, infelizmente, a explicação ainda é bem simples: é o choque das maternidades que leva a uma ruptura na carreira. Para explicar a diferença de salários entre homens e mulheres, não temos mais a diferença de educação, de experiência e nem de profissão, embora este ainda seja um aspecto a se considerar. É a chegada da maternidade e as consequências no ritmo de vida, e o fato de que as normas sociais impõem que as responsabilidades ainda sejam compartilhadas de forma desigual”, frisa a francesa.

Os mais disponíveis são os maios recompensados: os homens

Claudia Goldin estudou particularmente os bloqueios para o reconhecimento das mulheres no mercado altamente qualificado, em que a competição com os pares masculinos se mostra mais cruel, sobretudo se elas têm filhos. São cargos que implicam maior disponibilidade para receber clientes, por exemplo, o que significa jornadas de trabalho mais longas. As empresas tendem a recompensar os funcionários mais disponíveis, que costumam ser os homens.

Dominique Meurs frisa que a pandemia de Covid também marcou um freio na carreira de muitas mulheres: apesar de elas terem acesso ao trabalho remoto, que viabiliza um maior equilíbrio entre a vida profissional e a familiar, as desigualdades ficam evidentes quando marido e mulher trabalham de casa – com maior impacto na produtividade delas.

Homens e mulheres não tiveram e não têm o mesmo teletrabalho. Isso já foi constatado: os homens trabalham sozinhos em uma peça, enquanto as mulheres são multitarefas: se dividem entre a casa, fazem a comida, e o teletrabalho”, salienta.

A especialista francesa avalia que os próximos passos para avanços devem ser iniciados pelas próprias empresas, a começar por uma maior transparência sobre salários e evolução profissional. Além disso, recomenda mudanças nas estruturas de trabalho, que favoreçam uma maior distribuição das atribuições – para que não sejam sempre os mais disponíveis os maiores beneficiados pelas promoções.

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