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"É uma valorização do papel das mulheres na causa social", diz irmã Rosita sobre prêmio da ONU para refugiados

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Nesta segunda-feira (14), em Genebra, a irmã Rosita Milesi, de 79 anos, será homenageada com o Prêmio Nansen, concedido pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), pelo trabalho de mais de quatro décadas à frente do Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em Brasília. Sua atuação tem sido crucial na acolhida e assistência a refugiados e migrantes no Brasil, oferecendo suporte na obtenção de documentos, abrigo e acesso ao mercado de trabalho. A homenagem destaca a sua dedicação a milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade que fugiram de conflitos e perseguições.

Ao longo de mais de 40 anos de dedicação, irmã Rosita, que pertence à Congregação das Irmãs Scalabrinianas, atuou diretamente na regularização migratória de milhares de pessoas, viabilizando a obtenção de documentos administrativos, acolhimento e acesso ao mercado de trabalho. Sua trajetória é marcada por um compromisso inabalável com os mais vulneráveis, especialmente aqueles que, forçados a migrar por conflitos e perseguições, chegam ao Brasil em busca de um futuro melhor.

"Eu me sinto muito honrada e, ao mesmo tempo, sem condições de ser merecedora. Dedico essa homenagem aos milhares de refugiados e migrantes que tive a oportunidade de acompanhar ao longo da minha trajetória", afirmou à RFI sobre a homenagem.

A história de irmã Rosita com a causa migratória começou no final dos anos 1970, quando, a pedido da superiora de sua congregação, ela passou a estudar e se dedicar ao tema das migrações.

Inspirada pelos ensinamentos de São João Batista Scalabrini, fundador da ordem, e pelas primeiras irmãs da congregação, ela fundou o Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em 1986. Desde então, sua atuação ajudou refugiados de mais de 70 países, oferecendo apoio em áreas fundamentais como regularização de documentos, abrigo e inclusão no mercado de trabalho.

Em sua trajetória, muitas histórias a marcaram profundamente, como o caso de uma família síria que, ao chegar ao Brasil, enfrentou tantas dificuldades que cogitou retornar à zona de guerra. "Eles me disseram que talvez fosse melhor morrer com uma bomba do que enfrentar os desafios aqui. Mas, com o tempo e o apoio, eles conseguiram se reinventar e hoje estão felizes no Brasil", relembra irmã Rosita.

Prêmio "para o Brasil"

Sobre as necessidades mais urgentes dos refugiados, a religiosa destaca que, além de garantir alimentação e abrigo nos primeiros momentos, é crucial oferecer acesso ao mercado de trabalho e às políticas públicas, como educação e saúde. Para ela, o Brasil ainda precisa avançar muito nas políticas de integração, que são tão importantes quanto o acolhimento inicial. "Temos leis avançadas, mas precisamos de políticas de integração mais efetivas. Acolher é importante, mas a integração é fundamental", afirma.

Irmã Rosita também destaca que o Brasil está no processo de elaboração de uma política nacional de migrações e refúgio, e vê com esperança o avanço desse projeto, especialmente com a realização da Conferência Nacional de Migrações e Refúgio. "Esperamos que no próximo ano tenhamos essa política aprovada. Será um passo importante para garantir uma postura clara e consistente do país em relação aos refugiados e migrantes", avalia. "

A religiosa acredita que o reconhecimento internacional que está recebendo pode, de alguma forma, contribuir para acelerar esse processo, mas destaca que a homenagem é, sobretudo, uma valorização do trabalho coletivo realizado no Brasil. "Eu sou apenas uma representante, mas esse prêmio é para o Brasil, é para todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram com essa causa", reflete.

Em um momento em que o mundo vive um aumento de conflitos geopolíticos e crises migratórias, Irmã Rosita ressalta a importância de buscar o diálogo em vez da guerra. "Precisamos substituir armas por diálogo. O diálogo constrói a paz, e é isso que devemos desejar", afirma.

A religiosa vê com grande significado que, neste ano, cinco mulheres, incluindo ela, receberão o Prêmio Nansen, criado em 1954 em homenagem aos trabalhos humanitários do cientista e diplomata norueguês Fridtjof Nansen.

Além de irmã Rosita, são homenageadas Maimouna Ba, do Burkina Faso, a empreendedora social síria Jin Davod, a refugiada sudanesa Nada Fadol e a nepalesa Deepti Gurung. Para a irmã Rosita, a concessão do prêmio tem um importante valor simbólico e ressalta o papel fundamental que as mulheres desempenham na causa migratória. "Muitas mulheres carregam sozinhas o peso de proteger suas famílias, têm aquela garra, como a gente costuma dizer. São elas que viram o mundo, se necessário, para defender a causa humana, social", diz.

"É preciso reconhecer que muitas vezes esse papel da mulher, ele podia até existir, mas é mantido na obscuridade por sociedades machistas, às vezes, ou por falta de espaço de tornar mais ampla a sua luta. E neste ano, eu acho que é uma oportunidade de fato de percebermos esta decisão, esta atuação forte de mulheres que lutaram por causas e são exemplos para outros", afirma irmã Rosita

"Há que apreciar isso e, sobretudo, apreciar realmente a valorização da mulher, a participação da mulher na vida, na sociedade e a responsabilidade que as mulheres têm em relação à causa social, à causa de defesa, dignidade humana e das pessoas em geral”, conclui.

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Ao longo de mais de 40 anos de dedicação, irmã Rosita, que pertence à Congregação das Irmãs Scalabrinianas, atuou diretamente na regularização migratória de milhares de pessoas, viabilizando a obtenção de documentos administrativos, acolhimento e acesso ao mercado de trabalho. Sua trajetória é marcada por um compromisso inabalável com os mais vulneráveis, especialmente aqueles que, forçados a migrar por conflitos e perseguições, chegam ao Brasil em busca de um futuro melhor.

"Eu me sinto muito honrada e, ao mesmo tempo, sem condições de ser merecedora. Dedico essa homenagem aos milhares de refugiados e migrantes que tive a oportunidade de acompanhar ao longo da minha trajetória", afirmou à RFI sobre a homenagem.

A história de irmã Rosita com a causa migratória começou no final dos anos 1970, quando, a pedido da superiora de sua congregação, ela passou a estudar e se dedicar ao tema das migrações.

Inspirada pelos ensinamentos de São João Batista Scalabrini, fundador da ordem, e pelas primeiras irmãs da congregação, ela fundou o Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), em 1986. Desde então, sua atuação ajudou refugiados de mais de 70 países, oferecendo apoio em áreas fundamentais como regularização de documentos, abrigo e inclusão no mercado de trabalho.

Em sua trajetória, muitas histórias a marcaram profundamente, como o caso de uma família síria que, ao chegar ao Brasil, enfrentou tantas dificuldades que cogitou retornar à zona de guerra. "Eles me disseram que talvez fosse melhor morrer com uma bomba do que enfrentar os desafios aqui. Mas, com o tempo e o apoio, eles conseguiram se reinventar e hoje estão felizes no Brasil", relembra irmã Rosita.

Prêmio "para o Brasil"

Sobre as necessidades mais urgentes dos refugiados, a religiosa destaca que, além de garantir alimentação e abrigo nos primeiros momentos, é crucial oferecer acesso ao mercado de trabalho e às políticas públicas, como educação e saúde. Para ela, o Brasil ainda precisa avançar muito nas políticas de integração, que são tão importantes quanto o acolhimento inicial. "Temos leis avançadas, mas precisamos de políticas de integração mais efetivas. Acolher é importante, mas a integração é fundamental", afirma.

Irmã Rosita também destaca que o Brasil está no processo de elaboração de uma política nacional de migrações e refúgio, e vê com esperança o avanço desse projeto, especialmente com a realização da Conferência Nacional de Migrações e Refúgio. "Esperamos que no próximo ano tenhamos essa política aprovada. Será um passo importante para garantir uma postura clara e consistente do país em relação aos refugiados e migrantes", avalia. "

A religiosa acredita que o reconhecimento internacional que está recebendo pode, de alguma forma, contribuir para acelerar esse processo, mas destaca que a homenagem é, sobretudo, uma valorização do trabalho coletivo realizado no Brasil. "Eu sou apenas uma representante, mas esse prêmio é para o Brasil, é para todas as pessoas que, de alguma forma, contribuíram com essa causa", reflete.

Em um momento em que o mundo vive um aumento de conflitos geopolíticos e crises migratórias, Irmã Rosita ressalta a importância de buscar o diálogo em vez da guerra. "Precisamos substituir armas por diálogo. O diálogo constrói a paz, e é isso que devemos desejar", afirma.

A religiosa vê com grande significado que, neste ano, cinco mulheres, incluindo ela, receberão o Prêmio Nansen, criado em 1954 em homenagem aos trabalhos humanitários do cientista e diplomata norueguês Fridtjof Nansen.

Além de irmã Rosita, são homenageadas Maimouna Ba, do Burkina Faso, a empreendedora social síria Jin Davod, a refugiada sudanesa Nada Fadol e a nepalesa Deepti Gurung. Para a irmã Rosita, a concessão do prêmio tem um importante valor simbólico e ressalta o papel fundamental que as mulheres desempenham na causa migratória. "Muitas mulheres carregam sozinhas o peso de proteger suas famílias, têm aquela garra, como a gente costuma dizer. São elas que viram o mundo, se necessário, para defender a causa humana, social", diz.

"É preciso reconhecer que muitas vezes esse papel da mulher, ele podia até existir, mas é mantido na obscuridade por sociedades machistas, às vezes, ou por falta de espaço de tornar mais ampla a sua luta. E neste ano, eu acho que é uma oportunidade de fato de percebermos esta decisão, esta atuação forte de mulheres que lutaram por causas e são exemplos para outros", afirma irmã Rosita

"Há que apreciar isso e, sobretudo, apreciar realmente a valorização da mulher, a participação da mulher na vida, na sociedade e a responsabilidade que as mulheres têm em relação à causa social, à causa de defesa, dignidade humana e das pessoas em geral”, conclui.

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