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Reinauguração do Museu de Arte Urbana de Belém marca contagem regressiva para a COP30

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A reinauguração do Museu de Arte Urbana de Belém (Maub) marcou os 365 dias que faltam até a COP30, a Conferência do Clima das Nações Unidas, que terá como sede a capital paraense em novembro de 2025. A reforma é parte das muitas mudanças por que passa a cidade. Para encher de formas e cores fachadas, muros e pontes, foram convidados artistas importantes da cena urbana na capital, que é cercada de floresta e pelo universo paralelo do rio e as suas 39 ilhas. Drika Chagas é um desses artistas.

Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio

Maior museu do gênero da América Latina, o Maub ocupa uma área de seis mil metros quadrados à beira-rio, na Baía do Guajará, no complexo do Ver-o-rio, uma das áreas que estão sendo revigoradas. Drika e os outros foram escolhidos por uma curadoria que busca artistas de diversas regiões do país, em harmonia com outras manifestações culturais juvenis que florescem em grandes capitais cosmopolitas ou cidades menos conhecidas.

Nascida e criada em Belém, hoje a artista de 39 anos está baseada em Dijon, na França, onde vive há seis. Seu painel no Maub é imenso: tem 1.200 metros quadrados. Ela trabalhou por dias debruçada em andaimes. Era pequena no meio de tantas cores. Reproduz personagens com a cabeça de animais amazônicos com risco de extinção: o gato maracajá, o gavião real, imenso do tamanho de uma pessoa, e o macaco-prego. Eles chamam o público para a dança, uma espécie de rito do apagamento do fogo – uma conexão com o que se perdeu.

“Para os meus murais, eu gosto muito de levar uma temática onírica amazônica, onde trabalho com estéticas um pouco surreais e também o feminismo amazônico, através das formas, dos tecidos, de nuances. Eu trago essa discussão do feminino, assim como a questão do simbolismo amazônico, com essas referências do nosso sincretismo religioso. O misticismo é muito atrelado nos meus murais”, explica.

Aos 14 anos, ela entendeu o que queria: ser artista e trabalhar com grafite. "Lembro que eu via muita arte dentro de um museu, de instituições. E quando eu vi pela primeira vez uma revista de grafite, me inspirou muito o dinamismo que a gente vê dentro dessa cultura urbana, que é essa aproximação com o público. Quando tive contato com essa revista, meio que virou a chave. Eu falei: quero fazer isso", conta. "A partir daí surgiu essa busca independente”, afirma.

A história de Drika com a França começou com um convite por intermédio da Aliança Francesa, depois de participar de projetos dentro e fora do Brasil. Aos poucos, ela foi se conectando com o país, e conheceu seu futuro marido.

Drika participou do Le Lab14, que ocupou as paredes de cada um dos andares do prédio do correio em Montparnasse, em Paris. O velho edifício foi transformado em galeria e residência de artistas, coberto de grafites, colagens e fotos.

Com a agenda cheia, Drika hoje tenta organizar seu tempo. Ela está prestes a coordenar um grande projeto de cultura urbana pelos próximos quatro anos em Chalons-sur-Saône, na região francesa da Borgonha. Mas as raízes também falam alto. A artista tem passado de três a quatro meses por ano em Belém. É onde se reconecta.

A cada ano, o Maub deve renovar sua imensa exposição. Drika espera estar na próxima, a que será visitada pelas delegações dos quase 200 países que participarão da COP Amazônica, como tem sido chamada a Conferência do Clima de 2025.

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Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio

Maior museu do gênero da América Latina, o Maub ocupa uma área de seis mil metros quadrados à beira-rio, na Baía do Guajará, no complexo do Ver-o-rio, uma das áreas que estão sendo revigoradas. Drika e os outros foram escolhidos por uma curadoria que busca artistas de diversas regiões do país, em harmonia com outras manifestações culturais juvenis que florescem em grandes capitais cosmopolitas ou cidades menos conhecidas.

Nascida e criada em Belém, hoje a artista de 39 anos está baseada em Dijon, na França, onde vive há seis. Seu painel no Maub é imenso: tem 1.200 metros quadrados. Ela trabalhou por dias debruçada em andaimes. Era pequena no meio de tantas cores. Reproduz personagens com a cabeça de animais amazônicos com risco de extinção: o gato maracajá, o gavião real, imenso do tamanho de uma pessoa, e o macaco-prego. Eles chamam o público para a dança, uma espécie de rito do apagamento do fogo – uma conexão com o que se perdeu.

“Para os meus murais, eu gosto muito de levar uma temática onírica amazônica, onde trabalho com estéticas um pouco surreais e também o feminismo amazônico, através das formas, dos tecidos, de nuances. Eu trago essa discussão do feminino, assim como a questão do simbolismo amazônico, com essas referências do nosso sincretismo religioso. O misticismo é muito atrelado nos meus murais”, explica.

Aos 14 anos, ela entendeu o que queria: ser artista e trabalhar com grafite. "Lembro que eu via muita arte dentro de um museu, de instituições. E quando eu vi pela primeira vez uma revista de grafite, me inspirou muito o dinamismo que a gente vê dentro dessa cultura urbana, que é essa aproximação com o público. Quando tive contato com essa revista, meio que virou a chave. Eu falei: quero fazer isso", conta. "A partir daí surgiu essa busca independente”, afirma.

A história de Drika com a França começou com um convite por intermédio da Aliança Francesa, depois de participar de projetos dentro e fora do Brasil. Aos poucos, ela foi se conectando com o país, e conheceu seu futuro marido.

Drika participou do Le Lab14, que ocupou as paredes de cada um dos andares do prédio do correio em Montparnasse, em Paris. O velho edifício foi transformado em galeria e residência de artistas, coberto de grafites, colagens e fotos.

Com a agenda cheia, Drika hoje tenta organizar seu tempo. Ela está prestes a coordenar um grande projeto de cultura urbana pelos próximos quatro anos em Chalons-sur-Saône, na região francesa da Borgonha. Mas as raízes também falam alto. A artista tem passado de três a quatro meses por ano em Belém. É onde se reconecta.

A cada ano, o Maub deve renovar sua imensa exposição. Drika espera estar na próxima, a que será visitada pelas delegações dos quase 200 países que participarão da COP Amazônica, como tem sido chamada a Conferência do Clima de 2025.

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