O Santo Graal, o que é e a quem serve

Nova Acrópole Portugal

Apesar de na Idade Média, e não só na Alta Idade Média, mas também na Baixa, ter havido uma grande ignorância, fanatismo, crueldade, abuso dos direitos de uns e outros; também houve uma luz, um poder e um Ideal que evitou que as almas mergulhassem no caos e na animalidade. Este Ideal foi o Ideal Cavaleiresco, que indicava o poder do espírito sobre a matéria, da cortesia sobre a vulgaridade, do respeito sobre o abuso, e do espírito de Aventura nos quatro horizontes, ou até ao Sagrado (simbolizado pela demanda ao Graal), sobre a comodidade egoísta e a inércia estéril. Este Ideal começou com os Livros de Aventuras de Cavaleiros, como a Canção de Rolando, ou o exemplo de valentia e lealdade, por exemplo no poema de Mio Cid. Mas a partir do século XII começa o ciclo arturiano, que vai ser exemplo de reis, cavalheiros e poetas trovadores, e que vai estar na boca de todos, até dos mais humildes. No ciclo de Artur, há uma série de alegorias e símbolos que clamam nas profundezas da alma humana pela virtude e o serviço aos outros, no sentido da nobreza e de uma grande dignidade: o próprio Rei Artur e os seus Cavaleiros da Távola Redonda, o Assento Perigoso, a pureza e perfeição de Galahad, a busca pela beleza de Sir Gawain, o sacrifício e a compaixão de Parsifal, a espada e a pedra Excalibur, ou o que nomeou Galahad como o melhor Cavaleiro; a consumação do amor como um mar sem limites que tudo dissolve em Tristão e Isolda, o símbolo da virtude associado a cada uma das armas e proteções do Cavaleiro, e dos símbolos da sua iniciação e juramento de entrada na Ordem. Como é mencionado nos textos e que chega até Dom Quixote de La Mancha, a melhor forma de prestar serviço à vontade de Deus, é uma Cavalaria Andante, socorrer os que necessitam, honrar as Damas e sacrificar os egoísmos no altar da generosidade e da bondade, proteger os direitos daqueles que os veem violados, e assim “ir caminhando por um mundo de ferro para convertê-lo num mundo de ouro”, pois o ouro espiritual, como disse Platão, dorme no coração de todo aquele que quer ser um verdadeiro Cavaleiro e uma verdadeira Dama.