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Próximo primeiro-ministro terá que mediar forças entre esquerda e extrema-direita

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O governo francês de Michel Barnier caiu com 331 votos a favor da moção de censura apresentada pela esquerda e apoiada pela extrema-direita. Michel Barnier foi o segundo chefe de governo da Quinta República a cair depois de adoptada uma moção de censura, após Georges Pompidou em 1962. O docente em ciências políticas da Universidade de La Rochelle, Eric Monteiro, lembra que o país está ingovernável até ao mês de Julho, dificultando a formação de um governo estável.

RFI: Estamos perante uma crise sem precedentes, qual é a leitura em relação ao que está a acontecer?

Eric Monteiro: Há realmente uma crise sem precedentes, porque a V República foi concebida para que isto nunca mais acontecesse. O que estamos a presenciar é o que aconteceu entre 1946 e 1958, na IV República, onde uma sucessão de governos, um sistema parlamentar onde nenhuma maioria se destacava, acontecia justamente a V Quinta República foi feita para isso, evitar minorias, governos minoritários e que haja maiorias absolutas. Estamos perante um caso sem precedentes e provavelmente irreconciliável, porque há três grandes blocos e mesmo a meio dos blocos, se formos a ver o bloco mais à esquerda; entre o Partido Socialista que está minoritário na coligação que fez com o Bloco de Esquerda, a França Insubmissa, nesse grupo há distinções. Entramos numa fase de grande incógnita.

O primeiro-ministro apresentou esta manhã demissão a formalmente ao Presidente francês. Além de Michel Barnier o que é que provocou esta censura: O partido presidencial Renascimento, que contou com o apoio da União Nacional de extrema-direita, ao Presidente da República, que dissolveu o Parlamento a 9 de Junho e esta sanção confirma o fracasso da dissolução de Macron?

Sem dúvida, não há dúvidas nenhumas que o macronismo acabou. Já acabou depois da dissolução, quando se viram os resultados das eleições legislativas antecipadas, onde nenhuma maioria se confirmou, todos reivindicaram a vitória. Só que nenhuma coligação alcance maioria. É muito complicado ver como sair desta situação. Que razões nos levaram a isto? O que é incrível é de ver que a moção de censura foi depositada pela extrema-esquerda, mas foi validada também pela extrema-direita e que tinha também depositado a sua própria moção de censura. No projecto que foi depositado pela esquerda, havia aspetos com os quais a União Nacional discordava, mas, apesar disso, fizeram cair o governo. Eu penso que está muito ligado também à situação jurídica da futura candidata, outra potencial candidata natural do RN, Marine Le Pen, às eleições presidenciais de 2027, sabendo que ela corre o risco, efectivamente, de não poder se candidatar, de ser inelegível por decisão judiciária. Isso contribui a que haja uma instabilidade que esse partid,o de extrema-direita, tenha toda a vantagem em desestabilizar o país para que o Presidente da República demissão. Na situação actual é impossível haver nova dissolução até Julho do próximo. O país está ingovernável até nos próximos sete meses.

A oposição exige que o novo chefe de governo seja nomeado pela Nova Frente Popular com alguns membros que pedem até a convocação de eleições presidenciais antecipadas. Esta pressão por novas eleições presidenciais, como sugeriu, por exemplo, a líder parlamentar da França Insubmissa, Mathilde Panot, tem apoio popular? Podem acontecer no futuro, a seu ver?

Duvido muito porque há um grande problema na França. Acho que não é só em França também nos Estados Unidos, mas os partidos tradicionais nestes últimos 30 anos não souberam fazer emergir novos líderes políticos. Portanto, são caras conhecidas ou caras que ninguém quer mais ou caras desconhecidas. E não há em qualquer partido hoje, um líder natural que pode agregar forças suficientes para que um governo se aguente até Julho próximo, data em que se poderá novamente reorganizar eleições.Todos pretendem que têm possibilidade para governar. Eu acredito mais que o que deseja a extrema-direita é mostrar que não há governo possível e que há uma crise institucional profunda e que a única solução de sair desta crise política é a demissão do Presidente da República ou a sua destituição.

Não a priori forma essa destruição chega a cabo, mas pelo menos que a situação seja tão ingovernável que o Presidente não tenha outra opção de demitir-se, mas ele já disse ontem, quando estava na Arábia Saudita, e confirmou que não estava nos seus projectos demitir se. Vamos realmente nestes dias próximos vai ser a incógnita. Uma coisa que os franceses não suportaram, mas houve a trégua dos Jogos Olímpicos e isso acalmou um pouco a espera da nomeação de um governo, que durou mais de 50 dias. A questão hoje vai ser justamente saber se o Presidente da República é capaz de nomear um primeiro-ministro nas próximas horas e não daqui a quatro ou cinco semanas, sabendo que o orçamento não foi validado e que o país precisa de um orçamento para funcionar.

Todas as atenções estão, portanto, voltadas para Emmanuel Macron, que pretende anunciar um novo primeiro-ministro até esta noite, pelo menos foi o que o chefe de Estado ontem dizia que iria nomear em 24 horas um novo chefe de governo. Encontrar um líder capaz de restaurar a estabilidade num cenário tão fragmentado pode ser, a seu ver, o maior teste do mandato presidencial de Emmanuel Macron?

É a última carta que ele tem para julgar. Ele hoje vai fazer uma intervenção às 20 horas, horas de Paris, na televisão há muitos nomes que são propostos e são os mesmos nomes que já circulavam quando acabou por ser Michel Barnier, há 90 dias. O que parece ser mais viável é o nome de François Bayrou, que é líder do partido centrista e que justamente há décadas que anda a fomentar a ideia de que a França deve ser governada com pessoas de centro-esquerda e centro-direita, porque as forças vivas encontram se firmemente aí. Macron optou por essa ideia quando foi candidato em 2017, mas, na prática, o que podemos ver é que estes últimos sete anos governou mais a direita com políticas neoliberais. Portanto, se quiser hoje ter um nome que possa ser aceite é provavelmente o de François Bayrou.

O partido dele teve processos judiciários em relação também a financiamentos do partido político por fundos europeus, no que toca aos deputados europeus do partido dele, foi absolvido, mas foi um dos raros a dizer que pensava que não era justo que uma candidata ou um candidato não pudesse ser eleito por decisão provisória de inelegibilidade antes de o caso ser definitivamente julgado. Portanto, isso torna o simpático aos olhos da União Nacional, o que talvez permitirá a ele ser primeiro-ministro hoje. Mas uma coisa é ser primeiro-ministro, uma coisa é governar e validar um orçamento.

O próximo primeiro-ministro vai ter de mediar estas forças políticas. Como dizia há pouco, esta moção de censura apresentada pela esquerda contou com o apoio da extrema-direita e que revela uma mudança nas alianças políticas aqui em França?

São alianças de ocasião porque eles detestam-se e não têm nada em comum. Se formos a ver a questão do Médio Oriente, a posição da França Insubmissa não tem nada a ver com a posição da União Nacional. A nível de política internacional, não concordam, a nível de política nacional, talvez o único ponto comum que possam ter é sobre o poder de compra do cidadão de base. Fora isto, a maneira de chegar ao aumento da qualidade de vida dos mais, os mais pobres não serão os mesmos. Depois são ambições pessoais, há realmente aí duas personalidades, quer seja o Jean-Luc Mélenchon, quer seja a Marine Le Pen, são personalidades muito fortes que sonham em ser Presidente já há muitos anos e os franceses estão cansados disso querem hoje soluções viáveis, mais do que projectos individuais ou de carreiras pessoais.

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RFI: Estamos perante uma crise sem precedentes, qual é a leitura em relação ao que está a acontecer?

Eric Monteiro: Há realmente uma crise sem precedentes, porque a V República foi concebida para que isto nunca mais acontecesse. O que estamos a presenciar é o que aconteceu entre 1946 e 1958, na IV República, onde uma sucessão de governos, um sistema parlamentar onde nenhuma maioria se destacava, acontecia justamente a V Quinta República foi feita para isso, evitar minorias, governos minoritários e que haja maiorias absolutas. Estamos perante um caso sem precedentes e provavelmente irreconciliável, porque há três grandes blocos e mesmo a meio dos blocos, se formos a ver o bloco mais à esquerda; entre o Partido Socialista que está minoritário na coligação que fez com o Bloco de Esquerda, a França Insubmissa, nesse grupo há distinções. Entramos numa fase de grande incógnita.

O primeiro-ministro apresentou esta manhã demissão a formalmente ao Presidente francês. Além de Michel Barnier o que é que provocou esta censura: O partido presidencial Renascimento, que contou com o apoio da União Nacional de extrema-direita, ao Presidente da República, que dissolveu o Parlamento a 9 de Junho e esta sanção confirma o fracasso da dissolução de Macron?

Sem dúvida, não há dúvidas nenhumas que o macronismo acabou. Já acabou depois da dissolução, quando se viram os resultados das eleições legislativas antecipadas, onde nenhuma maioria se confirmou, todos reivindicaram a vitória. Só que nenhuma coligação alcance maioria. É muito complicado ver como sair desta situação. Que razões nos levaram a isto? O que é incrível é de ver que a moção de censura foi depositada pela extrema-esquerda, mas foi validada também pela extrema-direita e que tinha também depositado a sua própria moção de censura. No projecto que foi depositado pela esquerda, havia aspetos com os quais a União Nacional discordava, mas, apesar disso, fizeram cair o governo. Eu penso que está muito ligado também à situação jurídica da futura candidata, outra potencial candidata natural do RN, Marine Le Pen, às eleições presidenciais de 2027, sabendo que ela corre o risco, efectivamente, de não poder se candidatar, de ser inelegível por decisão judiciária. Isso contribui a que haja uma instabilidade que esse partid,o de extrema-direita, tenha toda a vantagem em desestabilizar o país para que o Presidente da República demissão. Na situação actual é impossível haver nova dissolução até Julho do próximo. O país está ingovernável até nos próximos sete meses.

A oposição exige que o novo chefe de governo seja nomeado pela Nova Frente Popular com alguns membros que pedem até a convocação de eleições presidenciais antecipadas. Esta pressão por novas eleições presidenciais, como sugeriu, por exemplo, a líder parlamentar da França Insubmissa, Mathilde Panot, tem apoio popular? Podem acontecer no futuro, a seu ver?

Duvido muito porque há um grande problema na França. Acho que não é só em França também nos Estados Unidos, mas os partidos tradicionais nestes últimos 30 anos não souberam fazer emergir novos líderes políticos. Portanto, são caras conhecidas ou caras que ninguém quer mais ou caras desconhecidas. E não há em qualquer partido hoje, um líder natural que pode agregar forças suficientes para que um governo se aguente até Julho próximo, data em que se poderá novamente reorganizar eleições.Todos pretendem que têm possibilidade para governar. Eu acredito mais que o que deseja a extrema-direita é mostrar que não há governo possível e que há uma crise institucional profunda e que a única solução de sair desta crise política é a demissão do Presidente da República ou a sua destituição.

Não a priori forma essa destruição chega a cabo, mas pelo menos que a situação seja tão ingovernável que o Presidente não tenha outra opção de demitir-se, mas ele já disse ontem, quando estava na Arábia Saudita, e confirmou que não estava nos seus projectos demitir se. Vamos realmente nestes dias próximos vai ser a incógnita. Uma coisa que os franceses não suportaram, mas houve a trégua dos Jogos Olímpicos e isso acalmou um pouco a espera da nomeação de um governo, que durou mais de 50 dias. A questão hoje vai ser justamente saber se o Presidente da República é capaz de nomear um primeiro-ministro nas próximas horas e não daqui a quatro ou cinco semanas, sabendo que o orçamento não foi validado e que o país precisa de um orçamento para funcionar.

Todas as atenções estão, portanto, voltadas para Emmanuel Macron, que pretende anunciar um novo primeiro-ministro até esta noite, pelo menos foi o que o chefe de Estado ontem dizia que iria nomear em 24 horas um novo chefe de governo. Encontrar um líder capaz de restaurar a estabilidade num cenário tão fragmentado pode ser, a seu ver, o maior teste do mandato presidencial de Emmanuel Macron?

É a última carta que ele tem para julgar. Ele hoje vai fazer uma intervenção às 20 horas, horas de Paris, na televisão há muitos nomes que são propostos e são os mesmos nomes que já circulavam quando acabou por ser Michel Barnier, há 90 dias. O que parece ser mais viável é o nome de François Bayrou, que é líder do partido centrista e que justamente há décadas que anda a fomentar a ideia de que a França deve ser governada com pessoas de centro-esquerda e centro-direita, porque as forças vivas encontram se firmemente aí. Macron optou por essa ideia quando foi candidato em 2017, mas, na prática, o que podemos ver é que estes últimos sete anos governou mais a direita com políticas neoliberais. Portanto, se quiser hoje ter um nome que possa ser aceite é provavelmente o de François Bayrou.

O partido dele teve processos judiciários em relação também a financiamentos do partido político por fundos europeus, no que toca aos deputados europeus do partido dele, foi absolvido, mas foi um dos raros a dizer que pensava que não era justo que uma candidata ou um candidato não pudesse ser eleito por decisão provisória de inelegibilidade antes de o caso ser definitivamente julgado. Portanto, isso torna o simpático aos olhos da União Nacional, o que talvez permitirá a ele ser primeiro-ministro hoje. Mas uma coisa é ser primeiro-ministro, uma coisa é governar e validar um orçamento.

O próximo primeiro-ministro vai ter de mediar estas forças políticas. Como dizia há pouco, esta moção de censura apresentada pela esquerda contou com o apoio da extrema-direita e que revela uma mudança nas alianças políticas aqui em França?

São alianças de ocasião porque eles detestam-se e não têm nada em comum. Se formos a ver a questão do Médio Oriente, a posição da França Insubmissa não tem nada a ver com a posição da União Nacional. A nível de política internacional, não concordam, a nível de política nacional, talvez o único ponto comum que possam ter é sobre o poder de compra do cidadão de base. Fora isto, a maneira de chegar ao aumento da qualidade de vida dos mais, os mais pobres não serão os mesmos. Depois são ambições pessoais, há realmente aí duas personalidades, quer seja o Jean-Luc Mélenchon, quer seja a Marine Le Pen, são personalidades muito fortes que sonham em ser Presidente já há muitos anos e os franceses estão cansados disso querem hoje soluções viáveis, mais do que projectos individuais ou de carreiras pessoais.

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