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Catedral de Notre-Dame de Paris vai receber 15 milhões de visitas anuais

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Os franceses e o mundo católico acompanharam este fim-de-semana a reabertura a catedral de Notre Dame de Paris, cinco anos após o incêndio que a destruiu quase totalmente.

As celebrações da reabertura da catedral de Notre Dame de Paris prosseguiram este domingo, 8 de Dezembro, com duas missas. Pela primeira vez desde 2019, a Sé de Paris celebrou uma missa com público.

O Presidente Macron esteve presente, reafirmando o compromisso pessoal com a restauração do edifício histórico. A cerimónia religiosa contou com mais de 170 bispos de todo o mundo, bem como representantes das paróquias da diocese de Paris.

No sábado à noite, o arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, abriu as portas da catedral para uma cerimónia em dois tempos: político e litúrgica. O arcebispo de Paris bateu três vezes com a sua cruz nas portas, abrindo-as novamente ao público.

No seu discurso, dentro da catedral, devido ao mau tempo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, expressou a "gratidão da nação francesa a todos os que salvaram, ajudaram e reconstruíram" a catedral de Paris.

Foram ainda homenageados os bombeiros e artesãos que ajudaram a salvar a catedral gótica do século XII.

O monumento histórico voltou a abrir perante caras bem conhecidas: o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Joe Biden estive ausente, mas representado pela esposa, Jill Biden, o príncipe William, em nome do Reino Unido, bem como o empresário norte-americano Elon Musk. O Presidente guineense, Umaro Sisocco Embaló, o primeiro-ministro são-tomense e a secretária de Estado da Cultura portuguesa marcaram presença.

Patrice Trovoada recordou o dia 15 de Abril de 2019 e descreveu um choque emocional. "Todas as televisões estavam viradas para o incêndio. O primeiro choque emocional fez-me pensar no 11 de Setembro, ao ver o edifício a ser consumido pelo incêndio e cair aos pedaços. Tendo vivido uma parte da minha juventude em Paris, é evidente que ficamos com uma grande tristeza, mas o facto de o governo francês, dos franceses terem, em cinco anos, recuperado o edifício mostrou uma forma de resiliência, de engajamento, de patriotismo, é positivo", descreveu.

O chefe de governo são-tomense reconhece a reatividade da França e dos franceses para restaurar em cinco anos o monumento histórico. "Há muitas coisas positivas: a tecnologia, mas também a preservação de métodos antigos, criativos. Não só o património, mas as pessoas, os artesãos que conseguiram salvaguardar o monumento", acrescentou Patrice Trovoada, sublinhando a importância deste ter havido um dialogo inter-religioso.

"Estive ainda há uns meses com a Sua Santidade, o Papa Francisco, e estou convencido de que a Igreja Católica está aberta ao diálogo inter-religioso. O mundo precisa de tolerância e precisa de paz e é por isso que estamos todos aqui, católicos, muçulmanos, laicos e outras religiões", concluiu.

Em Abril de 2019, na altura do incêndio, o arquitecto português Amadeu Magalhães, chefe de projeto no atelier parisiense PCA-STREAM, acreditava que era tempo de repensar a Catedral de Paris. Passados cincos anos, o debate em torno da estética inicial passou para segundo plano: "Aquando do incêndio, tenho memória de ter dito que seria provavelmente uma oportunidade para repensar a Notre-Dame. A estratégia que foi definida foi claramente outra; foi a de reconstruir. Mas também essa parte de reconstruir teve o seu interesse porque foi reconstruído, utilizando métodos diferentes, introduzindo elementos diferentes em relação ao que existia. Não podemos esquecer que estamos a trabalhar num edifício que é património mundial, que tem a sua autenticidade histórica. Houve bastantes pressões internacionais para se manter esta identidade da Catedral. Era uma estrutura que estava em perigo, o incêndio afectou muito a estabilidade do edifício, então foi necessário utilizar métodos que deixassem proteger de certa forma a estrutura existente e que permitissem receber, de novo, as estruturas dos elementos que tinham caído", descreve o arquitecto.

O Papa Francisco enviou uma mensagem lida pelo arcebispo de Paris, Laurent Ultrich, durante a cerimónia oficial de reabertura da catedral. Na mensagem, o Papa pediu às autoridades francesas que acolham "generosa e gratuitamente" a "enorme multidão" de pessoas que vão querer visitar a reconstruída catedral de Notre-Dame, em Paris.

A mensagem do Papa, que não esteve fisicamente na cerimónia, surge na altura em que o ministério francês da Cultura levantou um debate, propondo que seja cobrada a entrada aos visitantes de Notre-Dame.

São esperados 15 milhões de visitas anuais, Notre-Dame de Paris vai voltar a ocupar o lugar como um dos marcos culturais e espirituais mais importantes do mundo. "Rever de novo a Notre-Dame é muito bom. Vamos perceber que não foi feita da mesma forma, mas se calhar até foi enriquecida com as técnicas como foi reconstruída. Vai voltar a trazer todas aquelas pessoas que se deslocavam, que ouviam falar de Notre-Dame, que vinham a Paris", acredita Amadeu Magalhães.

A catedral gótica do século XII nasceu num tempo em que se construía uma nova relação entre o Homem e Deus. Assume-se, hoje, como um pilar de valores, sobretudo num mundo de fragilidades, defende a secretária de Estado da Cultura portuguesa, Maria de Lurdes Craveiro.

A catedral de Notre Dame "congrega valores simbólicos importantíssimos. Não é por acaso que ela nasce num tempo em que se começa a construir outra relação do Homem com Deus. Não é muito em função de toda uma prática filosófica de matriz religiosa, e com São Tomás de Aquino, à mistura, que apela a outra participação do homem, como destinatário e construtor do seu destino. Os modelos artísticos que se propagam decorrem muito a partir, não exatamente em primeira mão da Catedral, mas a partir do trabalho laborioso do abade Suger, que, exactamente às portas de Paris, projecta este modelo de construção e de articulação entre o Homem e Deus. Portanto, é uma nova relação que se constrói e que se projecta, tanto que a partir daqui", explica-nos.

Maria de Lurdes Craveiro lembra o carácter cíclico destas tragédias: "As igrejas, de maior ou menor dimensão, são organismos que têm a sua própria vida, organismos que se desgastam, organismos que são construídos a partir de materiais perecíveis e, portanto, estão, de alguma forma, também condenados a uma vida que tem princípio, meio e fim. Os incêndios fazem parte da trajectória normal das construções porque são construídas por vários materiais, obviamente, onde consta a madeira, que não deixa de ser um material frágil e portanto, a determinada altura, ocorrem estas situações. Nestas ocorrências, na medida do possível, tentamos essa recuperação, como se verificou neste caso concreto aqui em Notre-Dame".

A estrutura de madeira destruída depois do incêndio foi reconstruída a 32 metros de altura, utilizando ferramentas do século XIII. Foram precisas 20.000 horas de estudo para conceber esta nova estrutura, 100.000 horas de trabalho nos ateliers e 40.000 horas de montagem. A limpeza minuciosa dos vitrais, uma tarefa considerada impossível dentro dos prazos temporais, foi bem sucedida e resultou numa catedral que nunca esteve tão iluminada. O custo da restauração ultrapassou os 700 milhões de euros, financiados por 340.000 doadores.

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As celebrações da reabertura da catedral de Notre Dame de Paris prosseguiram este domingo, 8 de Dezembro, com duas missas. Pela primeira vez desde 2019, a Sé de Paris celebrou uma missa com público.

O Presidente Macron esteve presente, reafirmando o compromisso pessoal com a restauração do edifício histórico. A cerimónia religiosa contou com mais de 170 bispos de todo o mundo, bem como representantes das paróquias da diocese de Paris.

No sábado à noite, o arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, abriu as portas da catedral para uma cerimónia em dois tempos: político e litúrgica. O arcebispo de Paris bateu três vezes com a sua cruz nas portas, abrindo-as novamente ao público.

No seu discurso, dentro da catedral, devido ao mau tempo, o Presidente francês, Emmanuel Macron, expressou a "gratidão da nação francesa a todos os que salvaram, ajudaram e reconstruíram" a catedral de Paris.

Foram ainda homenageados os bombeiros e artesãos que ajudaram a salvar a catedral gótica do século XII.

O monumento histórico voltou a abrir perante caras bem conhecidas: o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Joe Biden estive ausente, mas representado pela esposa, Jill Biden, o príncipe William, em nome do Reino Unido, bem como o empresário norte-americano Elon Musk. O Presidente guineense, Umaro Sisocco Embaló, o primeiro-ministro são-tomense e a secretária de Estado da Cultura portuguesa marcaram presença.

Patrice Trovoada recordou o dia 15 de Abril de 2019 e descreveu um choque emocional. "Todas as televisões estavam viradas para o incêndio. O primeiro choque emocional fez-me pensar no 11 de Setembro, ao ver o edifício a ser consumido pelo incêndio e cair aos pedaços. Tendo vivido uma parte da minha juventude em Paris, é evidente que ficamos com uma grande tristeza, mas o facto de o governo francês, dos franceses terem, em cinco anos, recuperado o edifício mostrou uma forma de resiliência, de engajamento, de patriotismo, é positivo", descreveu.

O chefe de governo são-tomense reconhece a reatividade da França e dos franceses para restaurar em cinco anos o monumento histórico. "Há muitas coisas positivas: a tecnologia, mas também a preservação de métodos antigos, criativos. Não só o património, mas as pessoas, os artesãos que conseguiram salvaguardar o monumento", acrescentou Patrice Trovoada, sublinhando a importância deste ter havido um dialogo inter-religioso.

"Estive ainda há uns meses com a Sua Santidade, o Papa Francisco, e estou convencido de que a Igreja Católica está aberta ao diálogo inter-religioso. O mundo precisa de tolerância e precisa de paz e é por isso que estamos todos aqui, católicos, muçulmanos, laicos e outras religiões", concluiu.

Em Abril de 2019, na altura do incêndio, o arquitecto português Amadeu Magalhães, chefe de projeto no atelier parisiense PCA-STREAM, acreditava que era tempo de repensar a Catedral de Paris. Passados cincos anos, o debate em torno da estética inicial passou para segundo plano: "Aquando do incêndio, tenho memória de ter dito que seria provavelmente uma oportunidade para repensar a Notre-Dame. A estratégia que foi definida foi claramente outra; foi a de reconstruir. Mas também essa parte de reconstruir teve o seu interesse porque foi reconstruído, utilizando métodos diferentes, introduzindo elementos diferentes em relação ao que existia. Não podemos esquecer que estamos a trabalhar num edifício que é património mundial, que tem a sua autenticidade histórica. Houve bastantes pressões internacionais para se manter esta identidade da Catedral. Era uma estrutura que estava em perigo, o incêndio afectou muito a estabilidade do edifício, então foi necessário utilizar métodos que deixassem proteger de certa forma a estrutura existente e que permitissem receber, de novo, as estruturas dos elementos que tinham caído", descreve o arquitecto.

O Papa Francisco enviou uma mensagem lida pelo arcebispo de Paris, Laurent Ultrich, durante a cerimónia oficial de reabertura da catedral. Na mensagem, o Papa pediu às autoridades francesas que acolham "generosa e gratuitamente" a "enorme multidão" de pessoas que vão querer visitar a reconstruída catedral de Notre-Dame, em Paris.

A mensagem do Papa, que não esteve fisicamente na cerimónia, surge na altura em que o ministério francês da Cultura levantou um debate, propondo que seja cobrada a entrada aos visitantes de Notre-Dame.

São esperados 15 milhões de visitas anuais, Notre-Dame de Paris vai voltar a ocupar o lugar como um dos marcos culturais e espirituais mais importantes do mundo. "Rever de novo a Notre-Dame é muito bom. Vamos perceber que não foi feita da mesma forma, mas se calhar até foi enriquecida com as técnicas como foi reconstruída. Vai voltar a trazer todas aquelas pessoas que se deslocavam, que ouviam falar de Notre-Dame, que vinham a Paris", acredita Amadeu Magalhães.

A catedral gótica do século XII nasceu num tempo em que se construía uma nova relação entre o Homem e Deus. Assume-se, hoje, como um pilar de valores, sobretudo num mundo de fragilidades, defende a secretária de Estado da Cultura portuguesa, Maria de Lurdes Craveiro.

A catedral de Notre Dame "congrega valores simbólicos importantíssimos. Não é por acaso que ela nasce num tempo em que se começa a construir outra relação do Homem com Deus. Não é muito em função de toda uma prática filosófica de matriz religiosa, e com São Tomás de Aquino, à mistura, que apela a outra participação do homem, como destinatário e construtor do seu destino. Os modelos artísticos que se propagam decorrem muito a partir, não exatamente em primeira mão da Catedral, mas a partir do trabalho laborioso do abade Suger, que, exactamente às portas de Paris, projecta este modelo de construção e de articulação entre o Homem e Deus. Portanto, é uma nova relação que se constrói e que se projecta, tanto que a partir daqui", explica-nos.

Maria de Lurdes Craveiro lembra o carácter cíclico destas tragédias: "As igrejas, de maior ou menor dimensão, são organismos que têm a sua própria vida, organismos que se desgastam, organismos que são construídos a partir de materiais perecíveis e, portanto, estão, de alguma forma, também condenados a uma vida que tem princípio, meio e fim. Os incêndios fazem parte da trajectória normal das construções porque são construídas por vários materiais, obviamente, onde consta a madeira, que não deixa de ser um material frágil e portanto, a determinada altura, ocorrem estas situações. Nestas ocorrências, na medida do possível, tentamos essa recuperação, como se verificou neste caso concreto aqui em Notre-Dame".

A estrutura de madeira destruída depois do incêndio foi reconstruída a 32 metros de altura, utilizando ferramentas do século XIII. Foram precisas 20.000 horas de estudo para conceber esta nova estrutura, 100.000 horas de trabalho nos ateliers e 40.000 horas de montagem. A limpeza minuciosa dos vitrais, uma tarefa considerada impossível dentro dos prazos temporais, foi bem sucedida e resultou numa catedral que nunca esteve tão iluminada. O custo da restauração ultrapassou os 700 milhões de euros, financiados por 340.000 doadores.

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