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Livro de chef brasileiro sobre culinária do Pantanal é lançado em Madri

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No salão amarelo da Embaixada do Brasil em Madri, dezenas de convidados, brasileiros e espanhóis, se reuniram para provar alguns dos sabores típicos do Pantanal. A carta incluía chipa, sopa paraguaia, caldo de peixe, trouxinha de peixe, arroz carreteiro e doce de leite com queijo, além de uma bebida à base de erva-mate. O menu foi assinado pelo chef Paulo Machado, que viajou à Espanha para apresentar a versão em espanhol do seu livro “Cozinha Pantaneira”.

Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI em Madri

A publicação “La cocina del Pantanal” é dividida em capítulos que se dedicam às diferentes facetas da gastronomia praticada na região: comida de comitiva, de festa, de fazenda, de “mercadão”, de cidade e comida indígena, como explica o chef Paulo Machado.

“A gente resolveu dar essa separada para a pessoa achar gostoso de ler, de entender. ‘Ah, eu tô numa fazenda, vou procurar isso’, ‘eu tô numa cidade, eu vou procurar esse ingrediente, essa técnica’. O livro tem uma explicação bem detalhada sobre a história de cada prato e isso também é muito gostoso de ler”, revela o brasileiro.

A história do que se cozinha nos territórios pantaneiros se mistura com a própria vida do autor sul-mato-grossense e se reflete em páginas recheadas de textos explicativos, fotos e receitas para que o leitor também possa “cozinhar o Pantanal”, como sugere Paulo. Ele conta que publicar o livro em espanhol é uma tentativa de aproximar o mundo hispanófono dessa culinária tão expressiva.

“A gente sentiu essa necessidade de traduzir esse livro para poder falar com o público paraguaio, boliviano, espanhol, argentino. Todos os países latino-americanos que têm interesse em conhecer mais a região. A cozinha peruana me inspirou muito nisso, porque existem muitos livros de vários assuntos. Por que não a gente fazer o nosso livro em espanhol? Quem sabe o próximo sai em inglês ou em chinês”, devaneia o chef, já se projetando em outras oportunidades.

Ultrapassando fronteiras

A vontade que existe hoje de levar o Pantanal para o mundo cresceu depois que Paulo Machado saiu pelo mundo para expandir seus horizontes. Ele conta que esteve na França, estudando no Instituto Paul Bocuse, e também no País Basco, no norte da Espanha, onde estagiou num renomado restaurante com três estrelas no guia Michelin. Ao voltar para o Brasil, se reconectou com suas raízes e percebeu que tinha que fazer algo a partir dessas experiências.

“Eu tive aquela vocação de falar: ‘Espera aí, eu tenho que olhar a cozinha do Pantanal, a cozinha da minha região’, e comecei um trabalho que foi incrível, com pesquisa", recorda. O ponto de partida foram as buscas feitas no Centro de Pesquisas em Gastronomia Brasileira, no núcleo de cozinha pantaneira.

“Esse foi o embrião do meu mestrado, que foi sobre a comensalidade no Pantanal", relembra o chef. Na sequência vieram a edição brasileira do livro e a tradução em espanhol, que retraçam toda a trajetória de Machado com cozinha raiz, cozinha caipira, cozinha feminina e cozinha pantaneira.

A documentação do Pantanal como projeto

A ficha técnica do livro “La cocina del Pantanal” é extensa e conta com nomes como Cristiana Couto, responsável por pesquisa e texto, e Luna Garcia, que assina a fotografia. A realização da publicação ficou a cargo da Documenta Pantanal, uma iniciativa criada por Mônica Guimarães e Teresa Bracher para conectar profissionais de áreas diversas, ambientalistas e ONGs para defender o bioma e sensibilizar o público sobre suas urgências. Mônica veio à capital espanhola acompanhar o autor.

Produtora de um festival internacional de documentários chamado ‘É Tudo Verdade’, Mônica contou à RFI que conheceu Teresa, dona de terras no Pantanal, "uma conservacionista de carteirinha e educadora social", quando foi procurada por ela para tratar de um assunto específico: o assoreamento dos rios na região, sobretudo do rio Taquari. "Eu fui até o local com o Jorge Bodansky, que é um grande documentarista, fui produzindo o filme, e daí para frente a gente nunca mais parou”, recorda Mônica. O assoreamento do rio Taquari é considerado como o maior desastre ambiental do Pantanal.

Depois do documentário, vieram outros filmes, livros e campanhas. O objetivo principal da Documenta Pantanal é proteger a região que acolhe o bioma pantaneiro e difundir as riquezas originárias desses territórios. Este trabalho, desde o início, chegou ao público internacional.

“Esse primeiro documentário que o Jorge Bodansky e o [João] Farkas dirigiram, que chama ‘Ruivaldo, o homem que salvou a Terra’, foi lançado em Bruxelas exatamente para começar a berrar", recorda Mônica. A equipe queria mostrar que o Pantanal estava secando, apesar de ser a maior planície alagada do mundo. "Foi interessantíssimo a visibilidade que isso trouxe, e agora também para os brasileiros", pontua, ressaltando a importância de fazer o Brasil também enxergar o bioma.

Planos futuros

A Documenta Pantanal já tem planos futuros para mais ações pela Europa. A exposição “Água Pantanal Fogo”, que esteve no Instituto Tomi Ohtake, em São Paulo, no início de 2024, deve viajar para Alemanha e Portugal. A mostra conta com fotos de Lalo de Almeida e Luciano Candisani e tem curadoria de Eder Chiodetto.

“Nós fizemos essa exposição e foi um boom de gente. Quinze mil pessoas foram ao espaço, em menos de dois meses", ressalta Mônica. Com este sucesso em São Paulo, vieram os convites para levar a exposição ao Museu Marítimo de Hamburgo e ao Museu de História Natural em Lisboa. "Em 2025, no primeiro semestre, a Documenta Pantanal vai estar aqui na Europa”, celebra Mônica Guimarães.

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Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI em Madri

A publicação “La cocina del Pantanal” é dividida em capítulos que se dedicam às diferentes facetas da gastronomia praticada na região: comida de comitiva, de festa, de fazenda, de “mercadão”, de cidade e comida indígena, como explica o chef Paulo Machado.

“A gente resolveu dar essa separada para a pessoa achar gostoso de ler, de entender. ‘Ah, eu tô numa fazenda, vou procurar isso’, ‘eu tô numa cidade, eu vou procurar esse ingrediente, essa técnica’. O livro tem uma explicação bem detalhada sobre a história de cada prato e isso também é muito gostoso de ler”, revela o brasileiro.

A história do que se cozinha nos territórios pantaneiros se mistura com a própria vida do autor sul-mato-grossense e se reflete em páginas recheadas de textos explicativos, fotos e receitas para que o leitor também possa “cozinhar o Pantanal”, como sugere Paulo. Ele conta que publicar o livro em espanhol é uma tentativa de aproximar o mundo hispanófono dessa culinária tão expressiva.

“A gente sentiu essa necessidade de traduzir esse livro para poder falar com o público paraguaio, boliviano, espanhol, argentino. Todos os países latino-americanos que têm interesse em conhecer mais a região. A cozinha peruana me inspirou muito nisso, porque existem muitos livros de vários assuntos. Por que não a gente fazer o nosso livro em espanhol? Quem sabe o próximo sai em inglês ou em chinês”, devaneia o chef, já se projetando em outras oportunidades.

Ultrapassando fronteiras

A vontade que existe hoje de levar o Pantanal para o mundo cresceu depois que Paulo Machado saiu pelo mundo para expandir seus horizontes. Ele conta que esteve na França, estudando no Instituto Paul Bocuse, e também no País Basco, no norte da Espanha, onde estagiou num renomado restaurante com três estrelas no guia Michelin. Ao voltar para o Brasil, se reconectou com suas raízes e percebeu que tinha que fazer algo a partir dessas experiências.

“Eu tive aquela vocação de falar: ‘Espera aí, eu tenho que olhar a cozinha do Pantanal, a cozinha da minha região’, e comecei um trabalho que foi incrível, com pesquisa", recorda. O ponto de partida foram as buscas feitas no Centro de Pesquisas em Gastronomia Brasileira, no núcleo de cozinha pantaneira.

“Esse foi o embrião do meu mestrado, que foi sobre a comensalidade no Pantanal", relembra o chef. Na sequência vieram a edição brasileira do livro e a tradução em espanhol, que retraçam toda a trajetória de Machado com cozinha raiz, cozinha caipira, cozinha feminina e cozinha pantaneira.

A documentação do Pantanal como projeto

A ficha técnica do livro “La cocina del Pantanal” é extensa e conta com nomes como Cristiana Couto, responsável por pesquisa e texto, e Luna Garcia, que assina a fotografia. A realização da publicação ficou a cargo da Documenta Pantanal, uma iniciativa criada por Mônica Guimarães e Teresa Bracher para conectar profissionais de áreas diversas, ambientalistas e ONGs para defender o bioma e sensibilizar o público sobre suas urgências. Mônica veio à capital espanhola acompanhar o autor.

Produtora de um festival internacional de documentários chamado ‘É Tudo Verdade’, Mônica contou à RFI que conheceu Teresa, dona de terras no Pantanal, "uma conservacionista de carteirinha e educadora social", quando foi procurada por ela para tratar de um assunto específico: o assoreamento dos rios na região, sobretudo do rio Taquari. "Eu fui até o local com o Jorge Bodansky, que é um grande documentarista, fui produzindo o filme, e daí para frente a gente nunca mais parou”, recorda Mônica. O assoreamento do rio Taquari é considerado como o maior desastre ambiental do Pantanal.

Depois do documentário, vieram outros filmes, livros e campanhas. O objetivo principal da Documenta Pantanal é proteger a região que acolhe o bioma pantaneiro e difundir as riquezas originárias desses territórios. Este trabalho, desde o início, chegou ao público internacional.

“Esse primeiro documentário que o Jorge Bodansky e o [João] Farkas dirigiram, que chama ‘Ruivaldo, o homem que salvou a Terra’, foi lançado em Bruxelas exatamente para começar a berrar", recorda Mônica. A equipe queria mostrar que o Pantanal estava secando, apesar de ser a maior planície alagada do mundo. "Foi interessantíssimo a visibilidade que isso trouxe, e agora também para os brasileiros", pontua, ressaltando a importância de fazer o Brasil também enxergar o bioma.

Planos futuros

A Documenta Pantanal já tem planos futuros para mais ações pela Europa. A exposição “Água Pantanal Fogo”, que esteve no Instituto Tomi Ohtake, em São Paulo, no início de 2024, deve viajar para Alemanha e Portugal. A mostra conta com fotos de Lalo de Almeida e Luciano Candisani e tem curadoria de Eder Chiodetto.

“Nós fizemos essa exposição e foi um boom de gente. Quinze mil pessoas foram ao espaço, em menos de dois meses", ressalta Mônica. Com este sucesso em São Paulo, vieram os convites para levar a exposição ao Museu Marítimo de Hamburgo e ao Museu de História Natural em Lisboa. "Em 2025, no primeiro semestre, a Documenta Pantanal vai estar aqui na Europa”, celebra Mônica Guimarães.

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